Brasil com P no Mundo Moderno

Conheci uma certa canção há alguns anos atras, mas nunca antes havia comentado sobre ela por causa de preconceito meu, mas não só meu como possivelmente das pessoas a minha volta, por se tratar de um Rap. O preconceito já não existe, claro, e hoje essa canção nem é mais vista por mim dentro de um estilo musical, mas sim como uma poesia critica. Falo sobre uma canção chamada ‘Brasil com P’, por G.O.G. Genial! Essa é a palavra para alguem que consegue transpor todos os sentimentos, sensações e criticas, com o detalhe de todas palavras iniciadas com a mesma letra.

“Pesquisa publicada prova
Preferencialmente preto
Pobre, prostituta pra polícia prender
Pare, pense, por que?
Prossigo
Pelas periferias praticam perversidades
Pm’s
Pelos palanques políticos prometem, prometem
Pura palhaçada
Proveito próprio
Praias, programas, piscinas
Palmas!
Pra periferia:
Pânico, pólvora, pá! pá! pá!
Primeira página
Preço pago:
Pescoço, peito, pulmões perfurados
Parece pouco?
Pedro Paulo
Profissão: Pedreiro
Passatempo predileto: Pandeiro
Preso portando pó passou pelos piores pesadelos
Presídios, porões, problemas pessoais, psicológicos
Perdeu parceiros, passado, presente
Pais, parentes, principais pertences
PC
Político privilegiado preso parecia piada
Pagou propina pro plantão policial
Passou pelo porta principal
Posso parecer psicopata
Pivô pra perseguição
Prevejo populares portando pistolas
Pronunciando palavrões
Promotores públicos pedindo prisões
Pecado!
Pena, prisão perpétua
Palavras pronunciadas
Pelo poeta, irmão.
Papai, Papai, Papai!
Pelo presente pronunciamento pedimos punição para peixes pequenos, poderosos, pesos pesados
Pedimos principalmente paixão pela pátria prostituída pelos portugueses
Prevenimos!
Posição parcial poderá provocar:
Protesto, paralisações, piquetes, pressão popular
Preocupados?
Promovemos passeatas pacificas
Palestras, panfletamos
Passamos perseguições
Perigos por praças, palcos
Protestávamos por que privatizaram portos, pedágios
Proibido!
Policiais petulantes pressionavam
Pancadas, pauladas, pontapés
Pangarés pisoteando, postulavam premios
Pura pilantragem!
Padres, pastores, promoveram procissões pedindo piedade, paciência pra população
Parábolas, profecias, prometiam pétalas, paraíso
Predominou predador!
Paramos, pensamos profundamente:
Por que pobre pesa plástico, papel, papelão, pelo pingado, pela passagem, pelo pão?
Por que proliferam pragas, pestes pelo pais?
Por que presidente?
Pra princesinha, patricinha: prestigio, patrocionios,
progresso, patrimonios, propriedades, palacetes,
porcelanas, perolas, perfumes, plasticas, plumas, paête
Por que proessegue?
Pro plebeu predestinado: pranto,
perfurações, pêsames, pulseira pro pulso
Pinga, poeira, pedradas
Pagar prestação por prestação
Parceiros paraliticos, paraplegicos, prostituição
Personalidades publicas poderiam pressionar
Permanecem paralisados
Procedimento padrão
Parabéns!
Peço permissão pra perguntar:
Por que pele preta, postura parda?
Pô Pensador! Pisou, pior, posou pros playboy, pra plateia
Peço postura, personalidade, pros parcero, pras parcera
Presidente, Palmares proclama, primeiro:
Presença popular permanente proposta
Pente por pente, pipoco por pipoco
Paredão pros parasitas
Papai! Patricinha!”

Seguindo a mesma ideia, há um poema do Humorista Chico Anysio, chamado ‘Mundo Moderno’, onde acontece a mesma situação, mas nesse caso todas as palavras são com a letra M. Assim como G.O.G, incrivel tamanha criatividade.

“Mundo moderno, marco malévolo, mesclando mentiras, modificando maneiras, mascarando maracutaias, majestoso manicômio. Meu monólogo mostra mentiras, mazelas, misérias, massacres, miscigenação, morticínio – maior maldade mundial. Madrugada, matuto magro, macrocéfalo, mastiga média morna. Monta matungo malhado munindo machado, martelo, mochila murcha, margeia mata maior. Manhãzinha, move moinho, moendo macaxeira, mandioca. Meio-dia mata marreco, manjar melhorzinho. Meia-noite, mima mulherzinha mimosa, Maria morena, momento maravilha, motivação mútua, mas monocórdia mesmice. Muitos migram, macilentos, maltrapilhos. Morarão modestamente, malocas metropolitanas, mocambos miseráveis. Menos moral, menos mantimentos, mais menosprezo. Metade morre. Mundo maligno, misturando mendigos maltratados, menores metralhados, militares mandões, meretrizes, maratonas, mocinhas, meras meninas, mariposas mortificando-se moralmente, modestas moças maculadas, mercenárias mulheres marcadas. Mundo medíocre. Milionários montam mansões magníficas: melhor mármore, mobília mirabolante, máxima megalomania, mordomo, Mercedes, motorista, mãos… Magnatas manobrando milhões, mas maioria morre minguando. Moradia meia-água, menos, marquise. Mundo maluco, máquina mortífera. Mundo moderno, melhore. Melhore mais, melhore muito, melhore mesmo. Merecemos! Maldito mundo moderno, mundinho merda”.

A interpretação de Chico no video abaixo serve para preencher as lacunas dadas pela ausência de preposições, artigos e pronomes. Por fim termina o show imitando Louis Armstrong em ‘What a Wonderful World’.

Peace.

2 Respostas para “Brasil com P no Mundo Moderno

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