Instrumentos Incógnitos #12 – Grande Órgão de Estalactite

Na 12ª segunda edição essa sessão traz uma obra encomendada pela natureza, existindo exclusivamente em um local: interior das cavernas Luray, no estado da Virginia.

Grande Órgão de Estalactite

O Grande Órgão Stalacpipe, em Ingles chamado de ‘Great Stalacpipe Organ’ integra a categoria dos Litofones, ou seja, instrumento musical constituído por uma rocha (ou fragmentos) tocado a fim de produzir sonoridade. As notas podem ser tocadas combinadas de modo a gerar harmonia ou em sucessão, gerando melodia. Para melhor entendimento é algo semelhante ao Xilofone, logicamente em maior dimensão, formado naturalmente. Muitos registros amadores são feitos, como este, que até mostra a placa memorial ao inventor.

Tal instrumento (único) foi inventado por Leland W. Sprinkle. A pesquisa teve inicio em 1954 e levou 3 anos até que o lugar perfeito fosse selecionado, analisando câmaras de diversas cavernas em busca das estalactites que combinassem precisamente com a escala musical. No modo cientifico de dizer, estalactite é concreção calcária suspensa da abóbada das grutas e produzida pela infiltração lenta das águas –  ‘lanças’ penduradas no teto.

Após escolher o local propicio as estalactites foram eletronicamente adaptadas e ligadas a um Órgão especialmente construído para o projeto. As estalactites estão distribuídas em uma pequena parcela de espaço, mas o som reverbera por toda a caverna. Além do mais  Luray tornou-se ponto turistico. Durante as três primeiras décadas foram produzidos e vendidos discos de vinil na loja de presentes local, sendo tais gravações e apresentações feitas pelo próprio Leland, o criador. Anos depois o organista Monte Maxwell criou seus próprios arranjos que foram gravados em CD e que atualmente podem ser comprados nas Cavernas de Luray.

Para entender melhor a sonoridade e demonstrar a extensão do instrumento, gravação original de ‘Moonlight Sonata’, de Ludwig van Beethoven, por Monte Maxwell, no Grande Órgão de Estalactite.

Peace.

Chook, o gravador da natureza

Polemizou-se a questão do Homem interferir no meio natural, discussão essa que parece não ter fim. Logicamente há defensores das duas partes. Verdade ou não, certos acontecimentos nos fazem pensar, como o caso de um passaro que ficou conhecido como Chook, um Lyrebird. Trata-se de uma notavel especie de passaro Australiano que detem a capacidade de imitar sons naturais e artificiais a partir do que foi ouvido em seu ambiente. O problema foi quando o Zoológico Adelaide, na Australia, entrou em obras, o que expandiu o repertorio de Chook para martelos, motoserras, cortadores de grama (quebrando galhos), furadeiras, rádios e até assobios de trabalhadores. Chook tem a capacidade de imitar todos esses novos sons. Os especialistas justificam dizendo que faz parte da genetica do passaro ter esse corportamento. No video abaixo ele é flagrado imitando também outros passaros – Kookaburra e Lorikeet. Os especialistas ainda dizem que ele faz isso para atrair parceiras ou também ameaçando outros Lyrebirds. Surreal!

Peace.

A natureza dita as notas

Incrivel como a percepção atua em nós, trazendo inspirações vindas de fatos inesperados. A canção ‘Birds on the Wires’ é, de fato, um acaso. O Músico e Publicitário Jarbas Agnelli compôs essa música apartir de uma foto publicada no jornal ‘Estado’. Na fotografia, pássaros nos fios dos postes de iluminação pública.

“Pássaros empilhados viraram acordes e os solitários, notas no teclado. Depois coloquei o Xilofone e, na sequência, clarinete, fagote e oboé (…) A inspiração pode vir de qualquer lugar, mas é preciso estar atento”.

Agnelli estava desenvolvendo a partitura dos pássaros quando resolveu entrar em contato com Paulo, que enviou a foto integral. “Não acreditei que ele tivesse entendido o que eu vi na hora que fiz a foto. Para mim, os pássaros também pareciam notas” – afirmou Paulo. Somente após o contato é que a composição foi totalmente concluída. “Quando recebi, vi que a versão editada no jornal tinha eliminado oito pássaros, ou seja, quatro notas no início e quatro no final da música. Fiquei surpreso porque era exatamente o que faltava para finalizar a melodia” – disse Agnelli.

O repórter fotográfico é Paulo Pinto, 49 anos, do jornal ‘Estado’. O compositor é Jarbas Agnelli, 46 anos. Agnelli é um premiado publicitário, que já trabalhou na W/Brasil e hoje é proprietário da AD Studio.

“É possivel ver Poesia em qualquer lugar”.

Peace.