Desconcerto #14 – Sebastian Bach

Desconcerto em sua 14ª edição apresenta uma banda referencia do Hard 80s: Skid Row. E como haveria de ser, enriquecendo a fama de encrenqueiros, Sebastian Bach assume o posto de frontman. No exacto dia 27 de Dezembro de 1989, durante a abertura do show do Aerosmith em Springfield, Massachusetts, um fã descontrolado atira uma garrafa, essa acertando em cheio o rosto do vocalista que, de imediato, começa a esbravejar. E não demora muito até que ele atira a garrafa de volta, errando o alvo e acertando no rosto de uma moça, para em seguida atirar-se no publico com um chute direcionado ao “fã” que atirou a garrafa. Tudo isso durante a música “Piece Of Me” (‘pedaço de mim’, em Portugues). Não poderia ser em melhor hora.

Peace.

Declarações musicais

O desencontro de palavras em meio ao vermelho classico que classifica a explosão de sentimentos e novas sensações dos recem casais (e antigos também!), a vontade de se declarar sem saber as palavras certas. O Músico tentou:
_Você é a quarta aumentada do meu Modo Lídio!
Ela não entendeu.
_Você é o II – V – I do meu Jazz!
Ela não entendeu.
_Você é o bend do meu Blues!
Ela não entendeu.
_Você é o tritono do meu Rock n’ Roll!
Ela entendeu.

Peace.

Um tributo à Selvageria

Acho que, àquela época, nós estávamos fazendo algo muito especial. O engraçado é que não tínhamos muita noção disso, talvez apenas uma discreta percepção externa do quão distinta era toda a cena que montamos. Porque não havia cena para nos inserirmos. Tivemos que nos criar e, no processo, criamos também todo um universo a nos cercar. O que pensavam todos aqueles pais, crianças e adolescentes quando, numa noite perdida num festival escolar de 2008, viram cinco sujeitos vestidos espalhafatosamente – lenços, coletes, calças justas, camisetas rasgadas, óculos escuros, cabelos compridos e bandanas – entrando no ginásio da escola como se fossem os donos do lugar? Talvez não os donos, mas a última atração da noite, aquela que levantaria todo mundo da arquibancada e os traria ao redor do ‘palco’, que nada mais era que algumas fitas adesivas coladas no chão. Aquela atração que, caprichosamente atrasada, obrigava a coordenadora da escola a ligar constantemente, nuances de desespero sublinhando-lhe a voz: “Onde vocês tão? – Estamos chegando.” E, quando finalmente chegamos, não havia dúvida de que ali estavam cinco caras muito, muito estranhos. Uma postura irreverente, agressiva, esfregada nos narizes de todo mundo e fazendo-os se perguntarem “Que porra essa?” enquanto seus olhos assistiam imagens tão esquisitas e fora dos padrões de tudo o que já haviam presenciado até então. Uma presença de palco difícil de ser encontrada, mesmo entre os melhores, uma química tão reativa pela qual músicos chegam batalhar uma vida inteira. Encontrar alguém que compartilhe a mesma loucura em cima do palco, o feeling e um companheirismo divertido, tanto no palco como fora dele, pode ser tão difícil quanto encontrar uma mulher ideal para se casar. Porque você pode achar pessoas que escutam o que você escuta, mas que apenas te olham estranho quando o demônio dos anos oitenta toma controle sobre suas ações. Eu disse feeling? Pois é, essa palavrinha, tão vazia de sentido para uns, mas repleta de significado para outros, é a melhor forma de resumir o que éramos, de esclarecer aquilo que fomos. Não se pode transcrever nossa essência com exatidão, justamente porque compreende-la, compreender o que é ter o feeling, é uma questão muito mais emocional do que, de fato, racional. Entende? Não é estudando que se compreende todo o enorme campo semântico do símbolo feeling. Você tem que sentir. Um aperto no peito, chumbo nas panturrilhas, os ossos reverberando como se fossem dotados de seus próprios amplificadores. A mão suando em volta do microfone enquanto você espera, mal escondido atrás das caixas de som, a sua deixa na canção. E, uma vez sobre o palco, tudo é um borrão. Não se pensa lá em cima, é tudo um júbilo que apenas te leva a agir, a agitar. Nós tínhamos isso. Não admitíamos, jamais, deixar que um show se resumisse a ficar lá na frente apenas ressonando os acordes arduamente memorizados, com a cabeça baixa e o rosto cheio de vergonha. Você sentia vergonha alheia por nós? Que pena. Eu sinto vergonha alheia por você. Falando dessa forma, posso passar a impressão de que éramos uma banda excelente. Não. Éramos consideravelmente ruins. Os ensaios eram escassos, o conhecimento musical também não era lá essas coisas. O simples ato de compor era um tiro no escuro que, com um pouco de sorte, poderia originar alguma coisa vagamente interessante ou escrachadamente divertida (Faço de Weird Tales Of Uncle Sam e Rock n Roll Pants meus respectivos exemplos). Olhando para trás, agora, um pouco mais crítico e maduro (Maduro? Mesmo?), é bastante claro que nós – ou eu, ao menos – mal sabíamos o que estávamos fazendo. Contudo, nos sentíamos como rockstars. Tínhamos a pose, the looks. E, diabos, nós nos divertíamos muito. E era isso que importava. Sempre, ao menos se tratando de hard rock oitentista, é isso que importa. Além do mais, apenas para citar uma das minhas frases prediletas do Bobby Dall, baixista do Poison: “It was never about musicianship. It was about rock n’roll”. Mas, como disse no início, acredito sinceramente que fizemos algo muito especial. Ter entre quatorze e dezessete anos em 2008, em Iturama, era conhecer, ainda que de nome, a Selvageria. Era esbarrar com aqueles dois cabeludos nos corredores da escola, ou até no meio da rua, e procurar uma desculpa esfarrapada para não, não comprar aquelas camisetas que eles tentavam lhe empurrar pela milionésima vez. Era ver os mesmos caras, em cima dum palquinho improvisado, nas apresentações do Primeiro de Maio, fazendo um acústico furreca com voz e violão. E, ainda assim, chocar as pessoas (“Vamo embora que esse muleque vai tirar a roupa aqui”). Chocar. Acho que a gente sabia fazer isso, porque éramos diferentes. Visceralmente diferentes de tudo aquilo que surgira na juventude daquela cidade nos últimos anos. Criamos o nosso próprio microcosmo e, dentro dele, formou-se um movimento fugaz, mas dotado de um certo fascínio envolvente. Ver todos os seus amigos usando a camiseta da banda – na camaradagem! – ilustra, mais ou menos, o que quero dizer. Efêmero. Sem dúvida, nós fomos passageiros. Mas, vá lá, fascinantes.

Por Vic Thompson, retirado do baú Engavetando Ideias levemente adaptado.

Peace.

Maquinaria, o futuro da Música?

É sabido que a tecnologia evolui constantemente, cada vez em menor tempo, nos surpreendendo e fazendo com que nos perguntemos até onde é possivel chegar. Parece não haver limites, onde já é notavel proteses roboticas instaladas em humanoides, ou a comunicação rápida em tempo real, e diversas outras coisas que giram ao nosso redor e muitas vezes nem paramos para analisar o quão avançado é aquilo. Mas e a Música? Seria possivel uma robotização musical? Parece que já chegamos nesse ponto e vivemos isso. The Trons é uma banda de Rock n’ Roll da Nova Zelândia formada APENAS por robôs, montados com material reciclado, programados para tocar instrumentos reais.

Além de possuirem as proprias canções, já realizaram mais de 80 shows, tocando até em alguns festivais na Europa, como na cidade de Praga. O quarteto é formado por quatro “Músicos”, conhecidos como Ham [voz e guitarra], Wiggy [guitarra], Swamp [bateria] e Fifi [teclado].

Em 2010 lançaram seu primeiro album com CD e DVD. Não sei dizer se é comico ou assustador, mas isso existe. Para ter online – TRONS

Pode ser ainda mais assustador que os Trons. Há um Violinista gerado pela Toyota. Apesar disso, de todo esse desenvolvimento, Música é mais que notas tocadas em sucessão soando absolutas. Grandes Músicos injetam grande expressividade em sua música, evocando emoções e sentindo o que a canção representa. Pode-se ensinar uma maquina a tocar, jogar ou fazer qualquer coisa, mas não se pode ensinar expressividade a um computador com alguns algarismos pré-programados.

Peace.